Usar o BIM na prática pode não ser tão simples quanto parece. São novas tecnologias, novos processos e novas formas de trabalho, os quais podem fazer com que profissionais com longos anos de experiência se vejam ver ficando para trás e novos profissionais se sintam intimidados.
Entretanto, todo o processo de implantação do BIM deve acontecer de maneira gradual, com foco no nivelamento do conhecimento para que se tenha sucesso na transformação digital.
Quer entender como usar o BIM e como preparar sua carreira para isso? Continue lendo e saiba mais!
Por que usar o BIM
BIM, ou Modelagem de Informação da Construção, refere-se a um conjunto de processos, tecnologias e políticas para integrar as informações de um projeto da Construção Civil. Através desse conjunto podemos projetar e analisar o desempenho de um empreendimento com mais facilidade.
Nesse sentido, o BIM está no centro de muitas iniciativas digitais do setor. Apesar de a Construção Civil não ter visto uma rápida transformação digital como outras áreas, dados da McKinsey Brasil mostram que o investimento em tecnologia pode aumentar em 50% a produtividade.
Entretanto, vemos o cenário cada vez mais favorável à digitalização. A pesquisa “Transformação Digital: o futuro da construção conectada”, conduzida pela International Data Corporation (IDC), mostra que o tema é prioridade para 72% dos participantes.
Já no estudo promovido pela Autodesk e McGraw-Hill Construction, foi observado que a implementação do BIM trouxe:
Melhores resultados (44%);
Redução no retrabalho (44%)
Menos lítigos de sinistros (38%)
Menos erros de documentação (33%)
Redução no tempo do fluxo de trabalho (33%);
Menor tempo necessário para conclusão do projeto (33%)
Redução no custo total do empreendimento (22%)
Vale destacar que em outro estudo, realizado pela Dodge Data & Analytics, a redução de custo foi apontada como principal fator (48%) de usar o BIM, indicando que a metodologia reduz pelo menos 5% no custo total do projeto.
Como usar o BIM na prática
Em primeiro lugar, precisamos entender que BIM não é uma ferramenta ou conjunto de ferramentas em específico. Segundo, usar o BIM não envolve o foco em qual o melhor software para o projeto, pois também precisamos superar as barreiras de aprendizado das pessoas e adaptar os processos.
Assim, usar o BIM na prática envolve trabalhar em conjunto três grandes aspectos:
Pessoas;
Tecnologia; e
Processos.
Pessoas
O processo para usar o BIM em seus projetos deve ser gradual, haja vista que o BIM é relativamente novo e o seu conhecimento pode variar entre a equipe.
Nesse sentido, se faz necessário o nivelamento do conhecimento. Para isso, é comum ser feito através um Workshop técnico, com temas sobre:
Aplicações do BIM;
Conceitos básicos;
Sistemas construtivos;
Impactos ao usar o BIM no dia a dia;
Diretrizes de modalidades;
Softwares.
A capacitação de todos as partes que serão impactadas pelas mudanças, mesmo que de forma pequena, é fundamental para o sucesso da implantação da metodologia.
Além disso, precisamos adaptar o ambiente de trabalho para incorporar uma cultura mais colaborativa, que é um dos pilares ao usar o BIM no dia a dia. Assim, o próprio espaço do escritório precisa estar integrado e orientado para melhorar a comunicação entre as equipes.
O aspecto das pessoas ao usar o BIM permite delegar mais responsabilidades para cada projetista. Além de permitir maior produtividade e menos rotatividade de equipe, essa postura aumenta a autoconfiança e a vontade de crescimento das pessoas.
Processos
Após o nivelamento do conhecimento, precisamos compreender o processo atual de projeto, ou seja, uma análise detalhada sobre as atividades desenvolvidas e respectivos responsáveis.
É através desse conhecimento que podemos levantar as necessidades e expectativas para usar o BIM nos projetos. Com isso, pode-se montar um plano de ação detalhado, com escopo de implementação bem definido e entregáveis.
Para montar um bom plano de execução, é possível usar um projeto de baixa complexidade e ambiente controlado como “piloto”. Assim, podemos aplicar os conceitos e ferramentas para aprender a usar o BIM em situações reais.
Após a execução desse projeto piloto, é fundamental recolher informações de todo o processo. A partir das informações coletadas, teremos muito mais confiança para montar um bom plano de execução BIM, que deve conter, pelo menos:
Expectativas de uso do BIM;
Procedimentos de colaboração;
Pessoas envolvidas, responsabilidades e atribuições;
Descrição das etapas e produtos;
Documentação e arquivos de usos específicos;
Prioridade e níveis de detalhamento.
Tecnologia
Na transformação digital promovida ao usar o BIM não há como não falar sobre tecnologias de software. Afinal, serão essas ferramentas que permitirão a visualização e manipulação dos dados.
Assim, o fluxo de trabalho de um projeto terá diferentes ferramentas dependendo da fase de desenvolvimento: modelagem, análises de interferências, planejamento, orçamento e gerenciamento.
Durante a implementação do BIM, é primordial planejar a aquisição dessas ferramentas, além de investir no devido treinamento e capacitação para os usos específicos do BIM. Também não podemos esquecer dos requisitos de hardware, que podem ser necessários dependendo da infraestrutura atual do escritório. Geralmente, os softwares BIM requerem um hardware mais potente para seu uso adequado, como placas gráficas dedicadas, processadores de última geração, bastante memória RAM e armazenamento em SSD para o melhor desempenho.
Por fim, temos que mencionar a nuvem. Na transformação digital em qualquer área, muitas das vezes, encontramos a computação em nuvem no centro das iniciativas.Isso porque a infraestrutura em cloud permite o gerenciamento de arquivos de forma colaborativa e remota, durante todo o ciclo de vida do projeto. Tal aplicação facilita a:
Compatibilização;
Visualização;
Fiscalização;
Acompanhamento;
Registro de arquivos;
Documentação da informação dos projetos.
Enfim, usar o BIM na prática exige a harmonia entre os três aspectos: pessoas, processos e tecnologias. Aliás, segundo David Miller, o investimento na implantação BIM pode ser de 20% hardware, 30% software e 50% pessoas (formação e iniciativas de retenção de talentos) — ou seja, as pessoas são uma das chaves mais importantes no sucesso da implantação e uso do BIM.
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