top of page
BANNER-BG (1).png
Matheus Lima

Fluxo de trabalho BIM para bueiros de grota

Atualizado: 30 de dez. de 2022


Bueiros de Grota são dispositivos de drenagem muito utilizados em obras lineares, como rodovias e ferrovias. O objetivo do dispositivo é permitir o fluxo de água de um lado para o outro, quando o traçado intercepta uma linha de talvegue. Talvegue, por sua vez, pode ser entendido como a linha sinuosa que se forma no fundo dos vales, por onde a água de um corpo hídrico e da chuva escoam.


Neste artigo, você vai aprender como um projeto de bueiro de grota pode ser elaborado com o fluxo de trabalho apresentado abaixo, a partir do uso das soluções Autodesk: InfraWorks, Civil 3D e Navisworks.


Fluxo de Trabalho para Projeto de Bueiro de Grota. Fonte: autoral.

1. Concepção no InfraWorks

O software InfraWorks permite o processamento de Modelos Digitais de Elevação (MDE) para análises de bacias de contribuição. Na ribbon Analyze, em Drainage, clique na opção Watershed. Seleciona-se um ponto de análise, como uma posição preliminar do bueiro, e as configurações do tamanho da malha a ser considerada no processamento.


Um tutorial completo está disponível no site da Autodesk.


Após o processamento, o software apresenta a bacia de contribuição e a linha de talvegue para o ponto de análise, como ilustrado na figura a seguir em um traçado rodoviário:


Posição Preliminar do Bueiro de Grota e Bacia de Contribuição no InfraWorks. Fonte: autoral.

Uma vez definido o ponto de análise e o processamento realizado, o formato de exportação IMX ou o próprio arquivo nativo do InfraWorks em formato SQLITE podem ser importados no Civil 3D.


2. Detalhamento no Civil 3D


A partir da importação do arquivo de concepção com os comandos da ribbon InfraWorks do Civil 3D, podem ser criados elementos do tipo catchments ou bacias de contribuição. O traçado preliminar das bacias pode ser aprimorado pelo usuário e comparado com resultados de outros softwares.


Na ToolSpace, em Prospector, em Catchments, com o botão direito do mouse, é possível criar um grupo. No grupo, com o botão direito do mouse pela opção Create Catchment from Object, seleciona-se o elemento de polyline 3D importado do Infraworks que representa a bacia de contribuição. Uma linha de talvegue ou flow path pode ser adicionada de forma análoga, após a criação da catchment.


Criação do elemento "Catchment" no Civil 3D. Fonte: autoral.

Pela janela de criação pode-se selecionar o estilo de representação e o estilo das etiquetas (labels) dos elementos. Um coeficiente de escoamento (runoff coefficient) também pode ser atribuído. O coeficiente é empregado no Método Racional para a determinação de vazões de projeto para pequenas bacias de até 4 km², dado pela equação:


Q = 0,0028*C*i*A


onde:

  • Q é a vazão de projeto, em m³/s.

  • C é o coeficiente de escoamento.

  • i é a intensidade da precipitação, em mm/h.

  • A é a área da bacia de contribuição, em ha.

Elementos do InfraWorks, como superfícies de terreno e componentes de estradas, são reconhecidos como elementos nativos do Civil 3D. O elemento utilizado no Civil 3D para representar o bueiro de grota é a rede de tubulações ou pipe network.


Para criar o bueiro, na ribbon Home, na aba Create Design, selecione a opção Pipe Network Creation Tools em Pipe Network. A partir de um catálogo de estruturas e de tubulações, o bueiro pode ser criado. O Country Kit Brasil apresenta um catálogo genérico de drenagem e o usuário pode personalizar usando a ferramenta Part Builder.


Da mesma forma como as bacias de contribuição, estilos de visualização e de etiquetas (labels) podem ser atribuídos para o bueiro: para as bocas do bueiro e para a tubulação. A superfície do terreno natural e um alinhamento que representa o eixo do bueiro também são opções na criação do elemento.


O bueiro como pipe network pode ser associado à bacia de contribuição criada. Para o dimensionamento, na ribbon Analyse, na aba Design, no menu adicional acessado pela seta ao lado do nome da aba, selecione a opção Launch Express.


Uma nova janela abre com o Hydraflow Express Extension, um módulo de dimensionamento de drenagem do Civil 3D. Na aba Hydrology é possível definir um hidrograma unitário para a determinação da vazão de projeto.


A figura a seguir apresenta a interface do usuário, onde na tabela à esquerda são inseridos os parâmetros de entrada e de cálculo. À direita, tem-se o hidrograma unitário e abaixo os resultados em forma de tabela.


Hidrograma Unitário. Imagem cedida pelos engenheiros Giuliana Prado e Vitor Chaves.

O hidrograma pode ser elaborado com base no método Racional, Racional Modificado ou SCS. Como entrada, o programa solicita informações da bacia de contribuição e da chuva de projeto. Os estudos hidrológicos com curvas Intensidade-Duração-Frequência (IDF) auxiliam no preenchimento das informações.


A partir da definição da vazão de projeto, o tamanho e o número de linhas do bueiro podem ser determinados na aba Culvert do Hydraflow Express Extension. A figura a seguir apresenta a interface do usuário, similar à interface do hidrograma.


Interface do Usuário no Hydraflow Express Extension. Fonte: autoral.

No dimensionamento do bueiro, os seguintes parâmetros de entrada são solicitados para a tubulação (pipe):


  • Inv Elev Dn (m): cota da geratriz de jusante;

  • Length: comprimento do bueiro;

  • Slope (%): opcional, declividade do bueiro;

  • Inv Elev Up (m): opcional, cota da geratriz de montante;

  • Rise (mm): opcional, altura do bueiro;

  • Shape: formato do bueiro. Os formatos mais adotados no Brasil são do tipo circular ou celular.

  • Span (mm): opcional, largura do bueiro.

  • No. Barrels: número de linhas do bueiro;

  • n-value: coeficiente de Manning;

  • Culvert Type: tipo de bueiro a jusante;

  • Culvert Entrance: tipo de boca a jusante.


Os parâmetros entrada para o aterro (embankment) são:


  • Top Elev (m): cota do topo do aterro;

  • Top Width (m): largura do topo do aterro;

  • Crest Len (m): comprimento da crista do aterro.


Para o cálculo, solicita-se os dados de vazão. Caso o hidrograma unitário esteja definido, o programa adota os respectivos valores mínimos e máximos de vazão.


  • Q min (cm/s): valor mínimo de vazão;

  • Q max (cm/s): valor máximo de vazão;

  • Q incr (cm/s): valor incremental de vazão a ser utilizado nos cálculos;

  • Tailwater (m): nível de água a jusante. Esse nível não pode ser inferior a profundidade crítica. Quando isso ocorre, o programa ajusta automaticamente o valor para a profundidade crítica.


Para iniciar o processamento basta clicar no botão Run. O Hydraflow Express Extension apresenta um diagrama em que se é possível avaliar os parâmetros adotados. Nesse caso, nota-se que o bueiro não apresentou extravasão.


Dimensionamento de Bueiro. Imagem cedida pelos engenheiros Giuliana Prado e Vitor Chaves.

Para mais detalhes sobre o Hydraflow Express Extension, acesse o Manual do Usuário fornecido pela Autodesk.


Com o dimensionamento realizado, os ajustes de geometria podem ser realizados no bueiro. O Civil 3D possibilita a elaboração da documentação de projeto, incluindo perfis, vistas em planta e tabelas de quantitativos.


3. Coordenação no Navisworks


Em um projeto multidisciplinar de infraestrutura, muitos modelos são elaborados nas disciplinas. Para possibilitar a coordenação entre os modelos, a próxima etapa do fluxo de trabalho é a importação no Navisworks.


O software Navisworks, na ribbon Home, na aba Project, em Append permite importar arquivos em formato DWG do Civil 3D. O arquivo com o bueiro projetado pode ser inserido, os elementos de redes de tubulações serão reconhecidos. Ao trabalhar com mais de um modelo é importante atentar para o sistema de coordenadas utilizado.


Com o modelo no Navisworks, diversas propriedades do elemento estão disponíveis para consulta na aba Civil 3D. A figura a seguir apresenta um bueiro de grota e as respectivas propriedades das tubulações.


Bueiro de Grota no Navisworks. Imagem cedida pelos engenheiros Giuliana Prado e Vitor Chaves.

Por meio da ferramenta de quantificação, o Navisworks possibilita a associação dos quantitativos do elemento com tabelas de custo, como o Sistema de Custos Referenciais de Obras (SICRO).


Na ribbon Home, em Tools, selecione a ferramenta Quantification. Em Project Setup é possível selecionar um catálogo para organizar a extração de quantitativos. Nesse caso, existe a opção de personalização pelo usuário para criação de templates de tabelas.


Quantificação com códigos SICRO. Imagem cedida pelos engenheiros Giuliana Prado e Vitor Chaves.

Conhecia esse fluxo de trabalho para projetos de drenagem? Fique de olho no olho da BuildLab para mais artigos com fluxos de trabalho BIM!


 

Quer dominar o BIM para Infraestrutura e levar sua carreira para o próximo nível nessa era de transformação digital? Então conheça a Buildlab Academy, sua plataforma de ensino adaptativo para Arquitetos e Engenheiros, que conta com os mais de 26 anos de experiência da FF Solutions por trás da plataforma.


  • Certificado com selo oficial Autodesk

  • Acesso de um ano às aulas do treinamento

  • Acesso à comunidade BuildLab

  • Arquivos de apoio

  • Suporte técnico com nossos especialistas


A FF Solutions é uma parceira Platinum Autodesk. Você aprenderá com profissionais com experiência prática e ainda receberá certificado oficial Autodesk ao concluir o curso!


Decidiu investir na carreira? Clique aqui para saber mais e conhecer nossos cursos com certificado oficial Autodesk.

 

Sobre o autor:


Matheus Lima é Engenheiro Civil pela Universidade de Brasília (UnB). Experiência em Projetos de Infraestrutura com uso do Building Information Modeling (BIM) e Geographic Information Systems (GIS). Atualmente aluno do Master BIM para Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS da Zigurat Global Institute. Fundador da página no Instagram @bim_infra. Professor de cursos livres de Projetos de Estradas com os softwares Autodesk Civil 3D e Infraworks.


Referências:


Jabôr, Marcos Augusto. (2019). DRENAGEM DE RODOVIAS: ESTUDOS HIDROLÓGICOS E PROJETO DE DRENAGEM.

Comments


bottom of page